Já dizem que é uma questão de ponto de vista...
Verdades absolutas são todas contestáveis.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Tha past is only the future with the lights on

Porque você me deixa tão solta?
Porque você não cola em mim?
Peninha

Já ele não tem desgrudado de mim. Nem dos meus pensamentos.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Loucura diária

Rasgar as vestes
Arrancar os cabelos
Arranhar a pele
Profanar a própria carne
Gritar até estourar os tímpanos
e esfolar a garganta
Para sarar da dor
Arrancar os olhos
Para não ver o sangue jorrar.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Gelado

O frio nada mais é que a ausência do calor.
É um produto psicológico.
Inexiste acima de 7 graus celsius.
É meu cabelo molhado, minha cama cheia só de mim e meu cobertor.

Telepatia

O ser humano provavelmente emite algum tipo de onda cerebral enquanto pensa; apenas você sabe que meus 'nadas' significam milhares de palavras confusas que eu não direi.

Faz sentido na música "I wish that you knew when I said two sugars, actually I meant three".

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Milhares de tardes

Eu adormeci com sua respiração leve e quente no meu pescoço, com seus braços num envelope nas minhas costelas magras. E por alguns segundos, desejei nunca dormir. Nunca cair na inconsciência de seu toque.


O amor faz reféns.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Chico

"A gente quer ter voz ativa, no nosso destino mandar, mas eis que chega a roda viva e carrega o Destino pra lá".
Chico, suas palavras nunca fizeram mais sentido.

Breve Piada Humana

O padre estava na igreja, e no fim da missa pergunta:
-Quem quer ir pro céu?
-Eu, eu! - Todos levantam a mão.
-E quem quer ir hoje?
-...

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Peter Pan



"Never say goodbye, because saying goodbye means going away, and going away means forgetting" (Peter Pan)
Numa tradução básica: "nunca diga adeus, porque dizer adeus significa ir embora, e ir embora significa esquecer".
Será mesmo? Muitas vezes o fato de ir embora torna tudo mais dramático, como consequência, tudo mais marcante.
Eu não gostaria de tentar provar essa teoria.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Modéstia

Ela achou um bilhete no caderno, com data e hora, e reparou nas letras arredondadas, lindas, de livro. Será que até as letras da maldita menina eram melhores que as suas?
Foi então que ela parou para pensar no sorriso. Nossa, que sorriso lindo tinha aquela menina. Não que ela também não o tivesse. Talvez fosse isso mesmo. Os dentes grandes perfeitamente alinhados eram idênticos aos seus, o que fazia com que ela os apreciasse de uma maneira extremamente narcisista, ao mesmo tempo que os odiava. Odiava que os outros se parecessem com ela mesma. Queria ser única.
E tentando achar uma saída, ela pensou em quase tudo: poderia arrancar dente por dente daquela boca sempre sorridente. Essa era sempre a saída mais atraente.
Mas como sempre, ela cedia aos seus princípios pacifistas, chegando à conclusão de que se um dia ele ficasse com a adorável menina ou com alguém do gênero, seria apenas para recordar-se dela - afinal, qualquer qualidade que ele pudesse achar em alguém ela já tinha.


Talvez ela não seja tão pacifista assim.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Há um tempo

"Ele apareceu lá em casa
Numa tarde quente
Me fez ouvir uma música
daquelas que me fazem lembrar de nossos tempos
Eu me tornava mais dele
E eu já não tinha mais de mim mesma, nada
E me abraçou
como se ainda me amasse
E eu acreditei, é lógico
Tirou minha blusa no sol dourado
E não senti vergonha
do meu corpo
Me deitou no sofá
e acordei pedindo que ele ficasse até à noite."

Bloqueio

"Sofrer
Me esforçando
Amar
Tentando
Viver
Te magoando
Sobreviver
Morrendo"

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Fracasso

Às vezes seria realmente bom se não tivessemos que estar à altura das expectativas. Não ser sempre bonito nem inteligente ou bem informado. Não ser engraçado, simpático e agradável. Poder ser idiota e imbecil a qualquer momento estúpido da sua vida curta que provavelmente não vai ser nada daquilo que você queria ser na quinta série.

O Sucesso cobra alto demais, e sempre pede que você se mantenha no mesmo patamar. O Fracasso simplesmente aceita o que você é.

Parece ser, mas não é um discurso de alguém que busca uma justificativa para falhar incessantemente. Não poderia ser, porque eu não tenho essa capacidade incrível de ignorar as expectativas alheias.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Prisões

-Entregue para ela em um dia aleatório, sem que seja uma data especial. Ela vai amar a surpresa.
-Jura? Tem certeza?
-Claro. Elas adoram surpresas. Ah, e não comente nada com ela. Tem de ser surpresa de verdade.
-Entendi...
-Ah, e dê uma flor bonita junto. Só uma, não um buquê. Porque inconscientemente ela vai associar a rosa a ela mesma. Várias significam mais do que ela. Mais ou menos isso.
-Até que faz sentido.
-Lógico que faz.
-Ah, e não dê uma rosa. Só se ela gostar muito de rosas.
-Mas todo mundo dá rosas.
-Vermelhas?
-É.
-Exatamente. Tente ser menos óbvio!
-...
-E não pode ser nada muito grande, cheio de brilhos.
-...
-Toda vez que ela olhar pra ela, vai lembrar de você. Tem que ser algo bonito.
-...
-E diga algo decente quando for dá-la. Nada de clichês e breguices.
-...
-Você tem tanta sorte de ter uma amiga como eu!
-Era assim que você queria que fosse para você?
-Não sei. Mas era assim que eu faria.

domingo, 10 de outubro de 2010

Silêncios

-Vou ligar pra ela.
-Não, não vai.
-Vou sim.
-Você sabe que não quer de verdade.
-Lógico que quero.
-Aé? Então porque não ligou até agora? Ou das outras vezes?
-Ah, porquê eu tive coisas para fazer, e depois ficou tarde...
-Chega de desculpas, não é? Ela não é idiota. Ela só finge ser.
-Se eu não quisesse ligar, não teria dito que ia.
-Da próxima vez, não diga que vai. Não diga que vai fazer algo que sabe que não vai fazer de verdade. Lembre-se de que ela finge ser idiota, mas isso não quer dizer que ela seja.

sábado, 9 de outubro de 2010

Mentiras brancas

-Você sabe que isso nunca vai mudar.
-Eu sei que eu nunca vou mudar. É só disso que tenho certeza.
-Eu também não vou.
-Isso é o que você diz. Depois que ela chegar, tudo vai ser diferente. E ela não vai gostar de mim.
-Eu não me importo.
-Não se importa porque eu sou a coisa mais próxima de uma namorada que você tem.
-Você sempre vai ser mais do que isso pra mim.
-HÁ!

Corações sujos - Fernando Morais

Não vou dizer muito, porque ainda nem terminei de ler o livro.
Só um pequeno comentário: era inevitável que se formasse uma massa japonesa descontente que decidisse assassinar os ditos "traidores". Os brasileiros também não fizeram justiça ao predicado de povo amistoso. Claro que isso não justifica nenhuma morte.
Mas como você se sentiria se entrassem na sua casa, no meio de uma comemoração, arrancassem a bandeira do seu país e a jogassem na lama?

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Pride and Prejudice (Orgulho e Preconceito)

De imediato, o livro é feminista. No entanto, ao decorrer do próprio, revela-se o caráter real de Mr. Darcy que instantâneamente o transforma em ser digno de pena e compaixão, personagem que até então era visto como desagradável e cruel. Sem mais críticas à obra de Austen, que embora seja realmente maravilhosa, não conseguiu fugir do clichê dos "felizes para sempre". Não que esse seja necessariamente um problema, pois após um longo pedaço do livro refletindo a respeito do espírito inteligente e independente de Elizabeth Bennet, é agradável perceber que não se trata apenas da seriedade fria em procurar um marido e, ao mesmo tempo se possível, ser feliz - este último item nem sempre sendo priorizado.
Mas voltando um tanto às críticas: a história da autora é improvável em demasia, e ao fim da mesma, tem-se a impressão de que na verdade já se ouvira falar de uma história semelhante: a menina pobre, inteligente e incomum que conhece o príncipe que acaba por ignorar sua inferioridade social em prol do amor.

Todos os contos de fadas da Disney são assim.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Flashback

-Você acabou de comer uma folha?!
-Não, não acabei de comer uma folha!
-Comeu sim, eu vi!
-Não, seu idiota. É um bala, é um Halls!
-Ah... Nossa, podia ter certeza que você tinha acabado de comer uma folha...
-Bobo.
-Então... Me desculpe. Sei que sempre fui idiota com você. Mas realmente gosto de você. - Não, ele não disse exatamente isso. Mas foi algo do gênero. Ele sempre assumia os erros, (e eram muitos) e era o que eu mais admirava.
-Mas nós dois sabemos como vai ser na segunda-feira, não é mesmo?
-Você tá... chorando?
-Não, lógico que não!
-Então o que é isso no seu olho?
-Eu sou alérgica, e esse tempo úmido... Sei lá, meus olhos lacrimejam, é normal.
-Aham...
-Enfim...
-Você está bem?
-Claro.
-Deixa eu te abraçar. Não é bem melhor assim?
-Você não se importa de eu ter comido todas aquelas folhas?
-Não me importaria nem se você tivesse comido uma floresta inteira.



Oh, it's what you do to me - se eu escrever o nome da música fica óbvio demais.

Nem para títulos

Eu adoraria dizer para você que isso entristece, incomoda, cansa. E o pior: desilude.

E não parece haver o menor interesse seu.





Let me believe it. I'm trying to.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Cartas

Te escrevi algumas cartas, e não enviei nenhuma.
Também tenho sentido falta das suas. Eu tinha todo um ritual para lê-las, sabia?
Eu deitava, acendia meu abajur no escuro, e devorava a única página.
As tenho guardadas comigo - algumas numa caixa minha, algumas em meus cadernos. Todas as palavras na memória.

sábado, 18 de setembro de 2010

Quebrando as leis


É, eu fotografei um Modigliani. Me acuse. Mas duvido que você resistiria a ela!
"Quando puder ver sua alma, pintarei seus olhos".
Que drogado mais poético!

Meu Museu

A primeira coisa que eu vi foi uma moça angelical emoldurada em um suporte dourado. Lindo demais. De Nattier. Preciso realmente terminar este post? Aquela sequência de quadros era realmente apaixonante. Posso ferir severamente alguns agora, mas sinceramente, se o museu estivesse pegando fogo, eu salvaria aquela sequência de Nattier e deixaria a Monalisa ali. Eu sempre fui uma admiradora da beleza extrema, não podia ser diferente.
Aí foi a vez de Rodin. A obra dele realmente só ficaria melhor se tivesse ligação com a mitologia, assim como seu lindo "Eros e Psiquê".

Eu tive uma imensa vontade de arrancar aqueles quadros e pendurá-los nas minha paredes, roubar aquelas esculturas, dormir no meio de tanta beleza.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

À tarde

Esse inverno quente demais derreteu meu corpo e o fundiu em você.
Ainda bem, porque ultimamente só tenho desejado me sentir debaixo da sua pele, o mais perto o possível das suas terminações nervosas.
E eu não quero mesmo voltar para a minha própria pele sem que você venha junto.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Matemática

O nervosismo irritou todo o bom humor, toda leveza.
Comeu todos os doces, depois vomitou.
Viu a feiúra na beleza
Incomodou a tranquilidade
Entristeceu a felicidade
Então, pretenda adquirir à política nervosa apenas se for para dizer que a comodidade da falta de preocupação não valeu a pena.

domingo, 12 de setembro de 2010

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Fonteyn


Agora, Margot Fonteyn é outra história. Quando a vejo dançando, vejo as pequenas falhas técnicas das antigas, mas também vejo as linhas mais lindas das menininhas de hoje em dia que giram dez piruetas perfeitas.
A união perfeita do mais antigo clássico "de raiz" (acho que isso não existe), com a técnica aperfeiçoada ao extremo de Zakharova, por exemplo.

Desbotado

Imagino que todos já desejaram ser invisíveis
Pois eu não desejo
Apenas fazem-me incolor
Foram eles ou o meu amor

Desbotam minha face
Debocham minha namoos
E não pedem que eu fale
Me contento nos ``te amos``.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Aleatoriedades

LisérgicO

O medo
Sufocante, demasiado
Derivado do amor
Extremo, incessante
Vem me despertar

Do sonho do país maravilhoso
Da onde não quis acordar
O desinterece floresce
Pequeno e mudo
Em teu ser
A mente desvairesce

A obsessão doentia
Breve ficará vazia
Originando a imensidão de contorsões
Que dominou alguns corações
De viciados desditosos

Se um dia a eternidade acabar
Que tu leves algum amor por mim
Futuro,
Se um dia findartes
Não apagues o passado
Sem ti,
A vida do meu país maravilhoso
Aos poucos e implacável
Entristece e descolore e definha e sofre.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Presságio

Hoje não vou escrever nada de bom. Decidi que todas as minhas produções serão fatídicas e enfadonhas. Seria uma ótima hora para parar de ler, Fábio.

Eu tenho pensado muito. Mais do que deveria, talvez. Dizem que quem pensa muito imagina coisas que não existem. No meu caso, eu não sei.

O que mais existe é a minha doença. O que mais existe é o meu vício, e se eu não tenho a dose necessária, o que mais existe é o fim. Não é nem a dose necessária, é só o mesmo que eu ofereço. Nunca disse que eu não exigia muito, e nunca afirmei seguir o padrão assim.
Eu sempre fui sincera.

Magdalena Carmen Frieda Kahlo y Calderón


''Parece que a coisa mais importante na Grigolândia é ter ambição de ser 'somebody'. Eu não quero ser ninguém"
Foi mais ou menos isso que eu li no livro de sua biografia. Frida, muito embora eu ame suas obras e ainda mais do que elas, seu intelecto, discordo um tanto disso.
Não que eu almeje ser mais do que 'somebody', eu quero ser apenas eu mesma, o que já é um desafio. O que por si só, já é ser 'someone'. É ser muito mais do que 'someone', pois detenho mais do que um temperamento - mais ou menos como no seu auto retrato, a mesma face com roupas diferentes.
Não sou 'somebody', sou 'a lot of people'.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

European Love

I've been erasing lines
That I wrote to you
And if you only knew
The way you change my mood
How you make me laugh
Like I never thought I would
You have the power of making me sad

If you only knew
That I'd crawl on pigeons
If it was for you

And you're me ceiling, my floor, my walls
My unbreakeable bone
The prettiest of my deranged draws
Everything I wish I owned

So don't go away
I wanna make us bright
Promise that you'll stay
In the time of my life

God, I need you
Yeah, if you only knew
That these words aren't enough
Honey, you'd be sure
That no one has loved you so much





Do I really need to say it was for you?

domingo, 15 de agosto de 2010

Fábio

Ao Fábio. Não vou chamar de Fabiano para que você tenha certeza que foi para você.



Obrigada pelas cartas, obrigada pelo pedaço dos dias que você me conta.

É tão mais engrandecedor quando simplesmente se chega em casa e lá está, jogada ao chão, a carta. É o efeito do  inesperado se fazendo presente. Quando alguém diz que vai/está a escrever para você, já se sabe. Já se espera por ela. E quando ela não chega, a decepção se mistura com um tanto de mentira, e você tenta simplesmente pensar que a pessoa realmente ia tentar escrever qualquer coisa para você.
No seu caso, mesmo você dizendo que escreveria, eu fiquei surpresa ao vê-la na minha casa.

Eu ia escrever aqui hoje sobre você, não pense que escrevi somente porque sabia que você leria.
Você, como sempre, é muito bom. Tudo isso faz eu me sentir uma amiga meio cruel, má. Mas se eu fiz coisas que te magoaram, me perdoe. Eu jamais faria isso intencionalmente.

Detesto escrever sobre minha vida tão abertamente, justamente por ser muito explícito.
Mas como eu não queria esperar pelo correio, por ora você sabe dessas coisas. E eu vou escrever para você. Eu já escrevi, na verdade. Você apenas não sabe. Já fiz personagens com características suas, já fiz crônicas com suas epopéias, dos acidentes que constumava me relatar.

Eu amo você, Fabiano (acho que já sabe que isso é mesmo para você). E você sempre vai ser meu amigo que disse que eu danço estranho na festa de formatura, desconsiderando o meu pé destroçado.

Feliz Aniversário.

Meu oposto

Detesto o sentimentalismo das experiências contadas virtualmente. Talvez seja porque eu as ache muito apelativas. Talvez seja por isso também que esse blog tem um caráter quase... dramático. Não é essa a palavra, mas é algo assim. Um tanto mais sutil. As extravagâncias, em todos os sentidos, sempre me enojaram. A sutileza dá margem à imaginação, e para mim, às vezes, também à dramaticidade, como tabela, quase.

Àquela pessoa que me incomoda. Àquela pessoa que se choca com agressividade contra a minha pequenez.

Velha Glória Natal

"Look at this photograph. Everytime I look at it, it makes me laugh". Foi algo assim, não me recordo das malditas em sua perfeição, mas o impacto ainda foi imenso. Como se aquilo ainda fosse meu. A nostalgia é sempre a mais sutil, e talvez por isso, a mais depessora das emoções - de tão sinuosa, é extremamente difícil notá-la a tempo de impedí-la.

"Como você pôde se perder de mim?". No melhor estilo impulsivo de um indivíduo indeciso, respondi: "a vida tem dessas, vocês vivem sem mim". E reunindo todo o egoísmo que frequentemente me possui, acrescentei: "mas por favor, sofram bastante no processo do meu esquecimento, certo?". Era a carência. Ela, por sua vez, é patética. Vulnerável. E sempre se faz presente quando se vai a um ecossistema estranho. É natural do ser humano precisar saber que não importa onde esteja, não está desprovido de atenção. Mesmo que aquilo seja ilusão, não nos importamos de acreditar na miragem.

"Para não tocá-la, melhor nem vê-la". Negação. É isso? Um dos passos do luto, certo? Isso, mas já te alerto, se teu intelecto for meramente superior ao de uma barata esmagada, isso se mostra um torpor temporário apenas. E quando se acorda do momento "Resident Evil", a realidade é extremamente indelicada - ou talvez seja só a minha parcialidade sensível que a faça tão medonha.

"Time to say it, time to say it... Good bye". Não me aproprio dos clichês/lugares comuns dizendo que os amigos ficam para sempre, não apenas por ser avessa a eles, mas também por não corresponderem à realidade nesse caso.

Sim, por último, a aceitação - hipócrita! Hipocrisia sai por seus poros, e fere o seu ideal de moral. isso desaponta. É apenas uma troca de dores. O desapontamento quando chega, é realista, quase extremista. Sim, ingênua, te esquecerão tão rápido quanto te amaram, e você não mudará em nada a existência de ninguém. "This is where I grew up". E lá é sempre assim

sábado, 31 de julho de 2010

Imperceptível - 3

Dimitri sentia o olhar de Nina em sua direção, mas estava cansado demais para olhar. Não era grosso. Na verdade tinha um pavor imenso de magoá-la. Mas estava se tornando inevitável, ultimamente.

Seus olhos pousaram nos peixes dentro do aquário da sala. Ficou feliz por não ser Anatomia, afinal.
Após as instruções do professor, Dimitri retirou com pressa um peixe esverdeado do aquário, pronto para dessecá-lo. Ele adorava essas coisas. No entanto, esperou alguns segundos para intrincar o bisturi nas escamas molengas, observando atentamente o peixe se debater sem ar. Cada movimento. Então seus olhos escuros voltaram-se para o corte que estava prestes a fazer, e fê-lo. Traçou uma linha reta e pequena na região estomacal. Observava-se o ápice de agonia do ser marinho, que agora cedia à morte. Então Dimitri voltou a trabalhar com certa agilidade, remexendo dentro do peixe com eficácia, sendo observado de esguelha por todos, um tanto chocados.

Perda

Cada palavra dita foi uma despedida. Ela está sempre implícita, não é mesmo? O desespero cresceu na minha garganta, queria poder te abraçar e dizer que tudo estava bem. Mas no fim do dia, não seria você que eu procuraria - ou quereria - e você sabia.
Eu te pedi mil vezes para não dizer aquelas palavras. Mas qual é o melhor jeito de recusar sutilmente o amor alheio?
Foi estupidez dizer aquilo, nós sabemos. Você me tinha, talvez não como gostaria. Mas o que melhorou agora?
Eu não tenho nada para dar. Não porque eu sou totalmente seca, mas porque alguém já ocupa cada espaço meu.
Eu apreciava você e via muito mais do que via em outros.
Você era parte da minha ligação com um certo mundo. Talvez você pense que não, mas agora me falta mais do que falta a você.
Perdi o mundo.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Nina - 2

Eles caminhvam num ritmo lento, como se pudessem adiar as aulas. Apenas Nina gostava da aula que teria em seguida, História da Arte. No entanto, não se moveu mais rápido do que os outros dois rapazes, pois sabia que Dimitri não faria questão de acompanhá-la. Resignou-se, pois adorava tudo que envolve-se desenhos. Era tudo que ela tinha de melhor, seus desenhos eram bons como ela nunca seria - ela sabia disso, mesmo que negasse - e ao mesmo tempo em que tentava fazê-los ainda melhores, ela os invejava. Eram de uma perfeição que ela mesma jamais teria.
Dimitri tinha Anatomia básica, o que lhe parecia um tanto tedioso, e Sven tinha Química. Cada um tomou seu rumo ao adentrar a escola, e Nina pareceu um tanto hesitante ao separar-se dos dois. Sven virava-se a cada exatos quatro segundos enquanto andava, para observar o cabelo de fogo de Nina voar com o vento que agora soprava frio. A menina no entanto estava alheia a tudo, tentando apenas entender o porquê de Dimitri ser sempre tão distante, enquanto Sven era extremamente receptivo, talvez até demais. Lhe frustrava o fato de ele não elogiá-la como os outros faziam, os comentários sobre seus desenhos eram sempre curtos, dispensáveis. Por algum motivo, Nina gostava dele, e apesar de ninguém de fato também apreciá-lo, sentia-se atraída de um modo incompreensível. No entanto, não era recíproco.

domingo, 25 de julho de 2010

âmago.

Um dia eu li num livro que o nível extremo da evolução psíquica do homem seria a leitura de pensamentos. Aquilo me chocou de todas as formas, pois eu sabia que eu mentia. Sabia que mentia para agradar alheios, para não magoar, para me proteger. E aquilo simplesmente cairia. Eu seria fraca demais para sobreviver em um mundo assim.
No entanto, as pessoas também veriam as minhas mais profundas intenções. E talvez, se vissem que as mentiras não eram nocivas, me deixassem viver ali. Mas todas elas são, não é mesmo? As meias verdades, mentiras brancas. São só formas belas de mentir. No entanto, eu minto porque tenho razões para. Talvez nem isso me redima, mas admitir já deve significar algo.

Eu finjo demais. Finjo que acredito em você, e isso é outra mentira.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Apatia - 1

Nina olhava através das íris verdes intensas a chuva que caía do lado de fora com desinteresse total. Na verdade, era apenas uma garoa fina que caía naquela época do ano. Ou talvez fosse em todas elas, mas a garota não sabia ao certo.
Sven observava o suco de maracujá à sua frente, ainda intacto, numa relativa quietude. Ele protestava com um voto de silêncio contra a alienação de Nina em seus assuntos, esperando que ela perguntasse o que ele tinha.
- Porque você lê esses livros? São todos grotescos.
- Pela mesma razão que você lê todos os tipos de livros de desenho que existem. Eu simplesmente gosto. - Nina ignorou a onda de frieza que Dimitri emava. Ele detestava quando lhe interrompiam. Detestava que lhe diziam que seus livros sobre fraturas eram medonhos. No entanto, os outros dois amigos sabiam que era esse seu tratamento habitual.
O trio era extremamente recluso e deslocado por natureza, mas a mistura de suas personalidades tornava a convivência entre eles bastante agradável às vezes. Os meninos não tinham escolha - simplesmente não suportavam a ideia de socializar com os outros jovens da mesma idade. Não por crença na superioridade dos dois, mas por desprezo. Eles eram auto-suficientes, e se não fossem, eram ainda melhores amigos, mesmo que de um jeito totalmente estranho.
Nina poderia fazer parte da rede social escolar. Era bonita no conjunto, as sardas e os olhos verdes emoldurados por madeixas cacheadas cor de cobre. A realidade é que muitas das garotas adorariam possuir suas feições bem torneadas. No entanto, seu encanto perdeu-se aos poucos, como se seus olhos ficassem bassos, seus cabelos num fogo mais brando, morto. Talvez toda a sua vida tenha se esvaído aos seus desenhos, mais vivos do que ela própria.



(...)

Contos

Não pude deixar de seguir a multidão e postar um conto aqui. Afinal, eu nunca disse que esse era um blog original .

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Exílio

Celular, telefone, msn, scraps, etc... Inventaram tantas formas de manter-se em silêncio.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Teorias marqueteiras

http://info.abril.com.br/noticias/ciencia/nasa-desmente-fim-do-mundo-em-2012-21102009-17.shl

Não são minhas palavras.
Surpreende-me que os mesmos que apontaram os Maias como povo animalesco inferior há séculos atrás, recorram às suas teorias apocalípticas atualmente. É de extrema hipocrisia subjugar um povo inteiro e séculos depois afirmar que na verdade eles eram muito inteligentes, detinham conhecimento astronômico impressionante, blablablá... Isso não impediu que os espanhóis aniquilassem sua cultura, como se eles fossem de fato apenas gado, não é mesmo?

Não estou criticando nen
hum país, ou qualquer conduta que este possivelmente tomou. Só o que é condenável é você oprimir, e depois se apropriar de alguma parte da cultura do oprimido como uma possível realidade. Obviamente, a parte escolhida é uma passagem do apocalipse. Que original. Tendo em vista que o mundo já acabou pelo menos umas duas vezes, isso não é lá muito esperto. Mas sempre existirão aqueles que vão a comprar a teoria e o mercado inteiro, fazer um esconderijo debaixo da terra e ficar rezando para que o mesmo Deus que deixou que o mundo acabasse agora salve os pobres seres humanos.

Pois é, é tudo marketing mesmo. Existe uma indústria que lucra na sua crença nessas lendas. Não é um pouco de coincidência aquele filme hollywoodiano "2012" ter surgido bem quando esse boato se espalhou? O pior de tudo, é que ainda estragam até a teoria MAIA! Quem assistiu o filme sabe do que estou falando.

E isso nunca vai acabar. Sempre vai existir um fanático qualquer que vai escrever um trechinho todo em códigos estranhos, que supostamente indicam um acontecimento bombástico, que vai coincidir com algo e todos vão ficar chocados e tomarão aquilo como verdade. Eu poderia fazer isso. Poderia pegar dados astronômicos e dizer que no próximo alinhamento de sei lá o quê o mundo vai passar por uma mudança drástica, e quem quer que seja que esteja vivendo aqui daqui a 200 anos vai pensar "OH! Os povos da antiguidade preveram isso! Vamos todos morrer!". O ser humano adora um drama.

Lógico que sempre haverá a famosa conspiração de que o governo esconde os fatos para evitar pânico em massa. é verdade, se um asteróide enorme estiver na direção da Terra, você só vai descobrir na hora que acertar a sua cabeça. Mas isso não se aplica a tudo. O problema é que sempre tem um grupo desocupado preocupado com a mais nova conspiração - e esse grupo vai achar a conspiração. Você enxerga o que decide enxergar, sem necessariamente ser real.

Acredito mesmo que os Maias eram muito superiores a nós em vários aspectos, mas basear a veracidade do fim do mundo em uma teoria de um povo extremamente ligado a rituais de sacríficio e outras tantas coisas primitivas não lhes garante muita credibilidade.

terça-feira, 6 de julho de 2010

os medos

O ser humano é sempre tão insatisfeito. Mesmo tendo o que mais almeja, ainda revê as possibilidades negativas. Não como se desejasse que aquilo de fato acontecesse, mas é apenas pela graça de sentir aquela imagem da dor, um tanto masoquista. Ou ainda, tentar prever os próximos possíveis lances da partida. Permanentemente acordado.

E quando alguém te diz o que você desejava muito ouvir e dizer, você simplesmente não sabe como dizer que tudo aquilo é real para a sua pessoa também, sem que aquilo pareça uma obrigação. É quando roubam as palavras lindas que você desejava que fossem suas, mas você foi covarde demais para dizê-las primeiro. E o pior, é a sensação de impotência na comunicação. De nunca ser suscinto o suficiente. De nunca convencer o outro totalmente do quão real é aquilo que você sente.

Sim, o vício auto-defensivo é mesmo terrível. Mesmo quando se sabe que se está nos braços mais seguros, é extremamente difícil ter certeza de que eles não te soltarão.

Eu detesto títulos

E essa tecnologia, mais uma vez, me humilha. É lamentável que eu ainda escolha me escravizar assim.